

Fogo, fagulhas e aço na memória
24/09/2018 - CuriosidadesUma das lembranças de infância que mais me marcou, foi quando viajei com meus pais para a praia num fim de ano. Foi um dia quente de estrada, trânsito, mas muita música e risada no carro. Mesmo com a lentidão, havia uma tranquilidade pela viagem de descanso que meu pai tão bem programara.
Fim de tarde, chegamos à casa emprestada por um parente. Não era grande, mas foi divertido explorar cantos, armários e quintal arenoso. A rua de terra seguia rumo à linha do horizonte, onde era possível ver a imensidão azul do mar e ouvir as ondas quebrando sobre o sopro incessante do vento e o cheiro de sal.
Ao anoitecer, pegamos as cadeiras, a cesta de lanches preparada pela mãe e a geladeira de isopor com as bebidas carregada nos ombros de meu pai. Apesar do avançado da hora, mais pessoas chegavam à praia em vez de irem embora.
De repente, em meio a uma leve sonolência, porque deveria ser bem tarde, começou uma festa de luzes, seguidas de explosões, gritos e comemorações. Fogo no céu e alegria na areia. Era um novo ano que começava.
Nesse momento, a memória se confunde um pouco, mas devo ter corrido, brincado com outras crianças que, assim como eu, estavam aproveitando o fato de que, pelo menos naquela noite, era possível brincar com as estrelas que explodiam em cores diversas, refletidas na água no mar. Em minutos que pareceram horas, criança que era, maravilhado fiquei com a fantástica exibição.
Passadas as comemorações, de volta à rotina de um novo ano, vi-me acompanhando minha mãe numa visita à oficina de meu pai. Como sempre, ele trabalhava concentrado, porém, era como se eu o visse pela primeira vez, maravilhado que fiquei ao perceber que meu pai era um mágico que fazia fogos de artifício.
No lugar da cartola, uma máscara daquelas de super-heróis usam para ocultar a identidade, mas ele também tinha uma varinha, da qual resplandeciam fagulhas brilhantes sobre uma superfície metálica. Para mim, aquela visão foi incrível. E foi ali que decidi que, quando crescesse, seria um mágico de fogos de artifício, como meu pai.
Os anos passaram, eu cresci, a visão da criança cedeu lugar à realidade. A magia do fogo é a técnica de solda que aprendi ainda jovem. Meu pai, hoje aposentado, me passou a direção da oficina e sou eu quem vejo meus filhos encantados com os efeitos da solda quando vêm me visitar no trabalho. Refletindo, nós também somos como fogos de artifício. Crescemos, explodimos, brilhamos e apagamos, nos dispersando para que outras gerações venham e tomem seu lugar no mundo. Transformações que se sucedem para que a evolução continue, sempre.
Amigo soldador e profissional no aço, parabéns pelo seu dia.
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23/9 - Dia do Soldador